Resenhas

Artigos sobre Computação
Computador e Sociedade - INF01140

Sobre

As resenhas dispostas abaixo foram escritas no segundo semestre de 2017 para a disciplina de Computador e Sociedade. A qual faz parte do curso de Ciência da Computação, do Instituto de Informática da UFRGS.

Elas buscam realizar uma análise crítica sobre textos que englobam assuntos relacionados a área da computação, e os quais a discussão é pertinente a sociedade. As duas resenhas críticas são sobre artigos escrito para a NewYorker Magazine, que trazem uma perspectiva interessante sobre assuntos extremamente contemporâneos e que, talvez, devessem ser mais discutidos.

  • WHO OWNS THE INTERNET?

    Elizabeth Kolbert - Resenha de Diego Dasso Migotto

    O artigo escrito pela autora Elizabeth Kolbert propõe um tema muito interessante, quem tem o controle da internet. Um dos primeiros pensamentos que surge ao ler o título e os primeiros parágrafos é o fato da internet ser uma tecnologia tão nova, que cresceu e que tomou importância de uma forma tão explosiva.

    Durante o texto a autora utiliza-se diversas vezes de paralelos com situações passadas. O mais proeminente é a comparação do impacto das mídias e redes sociais da internet na última eleição americana com uma situação envolvendo a imprensa americana de 1876 também na corrida presidencial americana. Fala sobre os monopólios da tecnologia como a Google, sobre o poder que as empresas têm sobre os políticos, sobre pirataria de conteúdo. É interessante também, a forma como a maneira que a internet alterou diversas indústrias é exposta. Entretanto, parece ser um erro a forma como a autora exerce a crítica dela, aparentemente colocando grande parte da responsabilidade dos problemas trazidos pela web nas grandes empresas.

    Um ponto crucial que não foi explorado é que a internet, dada todas suas peculiaridades, é um ambiente com muita liberdade, pouco afetado por regras e leis, anônimo e globalizado. Isso significa que de certa forma é o reflexo da atual sociedade humana em geral. Uma frase da autora que sintetiza isso muito bem e que certamente deveria ter sido mais explorada é “A rede é feita para dar às pessoas o que elas querem”.

    Artigo Original

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  • OUR AUTOMATED FUTURE

    Elizabeth Kolbert - Resenha de Diego Dasso Migotto

    O tema escolhido pela autora - o progresso e a automação que vem junto - tem sido bastante explorado nas últimas décadas. Dessa forma propor uma nova visão, interessante, e que agregue novos conhecimentos ao leitor, não é uma tarefa simples.

    A forma como o texto é escrito é agradável, são mostrados diversos pontos de vista, são traçados paralelos com situações parecidas no passado, de modo geral o assunto é bem abordado e o artigo é bem executado. A quantidade de opiniões e histórias relacionadas a automatização que são trazidas certamente são o ponto alto do texto, e são extremamente pertinentes.

    Infelizmente há um artifício sub-utilizado. Apesar da autora trazer alguns números, estes são sobre situações específicas, não tem peso o suficiente para fornecer uma visão geral do assunto. O uso de mais estatísticas seria a peça final necessário para dar uma credibilidade maior ao artigo para que pudesse servir de base para a formação de opinião do leitor. É uma leitura extremamente agradável, mas que poderia ser muito mais impactante se não fosse essa pequena ressalva.

    Artigo Original

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  • WHY SOCIAL MEDIA MAY NOT BE SO GOOD FOR DEMOCRACY

    Gordon Hull - Resenha de Diego Dasso Migotto

    Para qualquer um que tenha acompanhado as últimas eleições americanas esse é um assunto que foi proposto diversas vezes, o impacto negativo de redes sociais na formação de opinião das pessoas. Entretanto, normalmente é um tópico trazido sem muitos dados, já que ganhou enfoque recentemente, e ainda não foram realizadas muitas pesquisas a respeito.

    O autor consegue trazer conceitos interessantes como “comunidades imaginadas” e “bolhas de filtro” e apresentá-los com fácil compreensão e ao mesmo tempo robustez ao leitor. Entretanto uma falha comum ao abordar o tema, é a falta de dados para embasar o que está sendo dito. Não é o caso no texto, já que o mesmo faz referência a uma pesquisa que mostra a polarização de opinião ao longo do tempo, fazendo uma relação entre esse fenômeno e a ascensão das mídias sociais.

    Como um todo artigo é bem escrito, e consegue convencer o autor de que há de fato uma influência das mídias sociais na forma como a sociedade pensa e desenvolve sua opinião em geral. Entretanto, falha em mostrar outro ponto de vista que não seja o defendido, ou explorar outros fatores que estejam influenciando essa udança. Atribuir algo dessa magnitude a um completamente a um único proponente, as mídias sociais, parece pouco razoável.

    Artigo Original

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  • Resenhas sobre conjunto de palestras do TED

    CAN A ROBOT PASS A UNIVERSITY ENTRANCE EXAM? Noriko Arai

    HOW WE'LL EARN MONEY IN A FUTURE WITHOUT JOBS Martin Ford

    CAN WE BUILD AI WITHOUT LOSING CONTROL OVER IT? Sam Harris

    Resenhas de Diego Dasso Migotto

    Um dos tópicos relacionados a computação que vêm recebendo mais atenção recentemente, não só por profissionais da área, é a automação trazida pela inteligência artificial. É um assunto delicado, e apesar de já ser possível ver o efeito em algumas profissões, não é fácil fazer prognósticos quanto a quais profissões serão afetadas, nem quando. Isso se deve justamente a não se saber o quão rápido e até onde irá os avanços na área de inteligência artificial. Os três vídeos em questão, “Can a Robot Pass a University Entrance Exam”, “How We’ll Earn Money in a Future Without Jobs” e “Can We Build AI Without Losing Control Over It”, são de palestras das conferências TED e oferecem pontos de vistas distintos e bastantes interessantes sobre o assunto.

    No primeiro vídeo, a pesquisadora Noriko Arai apresenta seu projeto, um robô com inteligência artificial desenvolvida com o objetivo de passar em exames de entrada de universidades japonesas. Ao longo do vídeo é demonstrado como funciona a inteligência artificial em questão, suas forças e o que ela tem dificuldade de fazer. É enfatizado a capacidade de processamento estatístico da máquina mas a inaptidão de interpretar o conhecimento, de realmente compreender o que está escrito. Com isso, a autora apresenta o ponto principal. Que a educação atual deveria focar em ensinar os jovens interpretação e compreensão de ideias, que seria a nossa vantagem em relação à inteligência artificial.

    É um tópico apresentado de forma de fácil entendimento, mesmo para quem não tem conhecimento na área, servindo muito bem para introduzir mais ou menos o estado atual da inteligência artificial, e um entendimento sobre a questão da automação. Ainda assim, aborda o assunto especificamente a curto prazo, não explorando os possíveis cenários, apenas o que já está acontecendo.

    Já no segundo vídeo, o palestrante Martin Ford, fala um pouco sobre o provável panorama no qual muitos empregos são perdidos devido a inteligência artificial durante o século atual. O autor começa apresentando alguns dos principais argumentos que falam contra esse viés, que se baseiam no fato de que já houve diversas revoluções de automatização, e não resultaram em um aumento permanente de desemprego. Em seguida ele desconstrói esses argumentos, e tenta convencer de que dessa vez a situação será diferente, devido a IA conseguir realizar trabalhos em áreas que antes se pensavam exclusivas do ser humano, já que não poderiam ser automatizadas devido a complexidade.

    Por fim o autor fala sobre possíveis cenários, e explora a remuneração universal como uma solução. É um vídeo muito bom para expor o assunto de forma sucinta, e com uma opinião moderada, mostrando os dois lados, para alguém que não esteja familiarizado. Talvez o único ponto fraco da palestra seja a falta de gráficos e dados, entretanto isso não faz com que o palestrante falhe em ser convincente convencer com o público.

    Os dois vídeos juntos conseguem introduzir muito bem o assunto a qualquer um que não tenha tido contato ainda com esse tópico, e prover argumentos e pontos de vista interessantes a quem já está familiarizado. O segundo vídeo consegue ser bem mais abrangente, mas o primeiro pode ser um bom exemplo para que se entenda o que está acontecendo atualmente. Entretanto nenhum dos dois explora uma faceta desse tema que é falada com tanta preocupação por diversos pesquisadores, e que é provavelmente a mais controversa. Uma IA superinteligente.

    A terceira palestra, apresentada pelo escritor e neurocientista Sam Harris, explora esse último ponto. O perigo de construirmos uma IA superinteligente. O autor busca conscientizar as pessoas e convencê-las de que esse é um perigo real e que inevitavelmente irá acontecer. Para isso ele utiliza de premissas que juntas levam a conclusão de que uma inteligência artificial muito mais inteligente que nós, humanos, será eventualmente construída. Por ser a parte mais controversa da inteligência artificial, é interessante que quem assista o vídeo já tenha conhecimento sobre o assunto, mas a palestra é tão bem apresentada que mesmo alguém que não tenha interesse prévio consegue entender o que é dito.

    Finalmente, os três vídeos são excelentes para introduzir o assunto a alguém rapidamente e instigar a pesquisar mais, ou para quem já acompanha o tópico enxergar novos pontos de vista. Está disponível a legenda em diversos idiomas, incluindo português do Brasil, a linguagem é fácil, não havendo muitos termos técnicos, e os palestrantes são bons em falar concisamente, e de forma convincente. Os vídeos são curtos, o tempo total não chega a 1 hora, então é seguro dizer que serão minutos muito bem investido.

    Vídeo 1

    Vídeo 2

    Vídeo 3

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